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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sentada à beira do abismo

Sentada à beira do abismo, olhando o carro se afastar... esse carro leva seu coração... sua metade...

Ao longe pode-se ouvir o silencio da cidade, lúgubre como o cemitério aos seus pés, morta por não ter a presença da pessoa amada...

Seu corpo sofre espasmos de dor, é como se uma luz vermelha como o sangue lhe envolvesse e lhe sufocasse... seus ossos doem, seus músculos tensos, se contorcem de dor e angústia, seus olhos... nem consigo vislumbrar... é tamanha a dor reluzida neles que assusta... seus olhos assemelham- se aos olhos da morte... a morte da alma... a morte da esperança...

Os habitantes daquelas paragens tranqüilas, nem imaginam quão feliz e quão destroçada ela foi nesse lugar... feliz por ter encontrado seu amor... destroçada por ter que deixa-lo ir sem saber quando e nem se vai vê-lo novamente... dois corações que se completam, mas afastados pela distancia de uma longa estrada... precisaram ir tão longe de suas moradas para se encontrarem... precisaram estar em meio a uma multidão para se reconhecerem... precisaram estar em um lugar que mais parecia o paraíso para se amarem... precisaram estar separados por milhas de distancia para verem o tamanho do amor que os une... precisaram ter o coração partido por lágrimas de saudade para entenderem que um dia estariam juntos novamente... precisam sofrer com a distancia para aprenderem a dar valor ao verdadeiro amor... amor que nunca morre, aquele capaz de renunciar a própria vida em prol do outro...

É o som de suas vozes pelo telefone que os consola, é no pouco tempo que passam unidos através de um aparelho que aprendem a agradecer pelo pouco... que aprendem a se apoiar, a se unir através do espírito... é através desse pouco tempo, que aprendem o sentido do verdadeiro amor, o amor puro, que está além do físico, que ultrapassa o tempo e o espaço...

A dor existe, a tristeza existe, mas o ferro precisa passar pelo fogo para ser moldado... a pedra precisa ser talhada para ser escultura... o ouro derretido para ser adorno... enfim... a alma precisa passar pela dor e pelo sofrimento para ser pura, para evoluir...

Estão unidos agora, consumidos pela dor da distancia ... tranqüilos, esperançosos, resignados... conscientes de suas limitações, mas apoiando-se um ao outro, jubilosos com a oportunidade do reencontro... de saber que o outro existe e que sente o mesmo... um dia... quando estiverem prontos, quando seus caminhos forem o mesmo... quando seus pés trilharem a mesma estrada... sabem que tem trabalho juntos, estão se preparando... corações partidos, almas dilaceradas... o fogo do sofrimento lapidando suas almas... o plano será cumprido... o que foi determinado assim será... a alegria virá depois...com a vitória sobre suas fraquezas, seus vícios, seu imediatismo, seu orgulho...

Ela encontra em suas palavras o equilíbrio para enfrentar suas quedas, suas fraquezas, sua dificuldade em manter seu campo vibratório em freqüência mais elevada, suas palavras a ajudam a focar suas energias no trabalho, no estudo, na sua evolução, na melhora de sua personalidade... foi só a partir desse encontro que sua vontade de perseverar se tornou forte o suficiente para vencer a depressão... foram suas palavras que a fizeram interiorizar os conhecimentos que já tinha adquirido, foi sua voz que a ensinou a se equilibrar apesar das dificuldades, ela seria capaz de deixar tudo para trás só para encontra-lo... mas a que preço? O desespero teria um preço muito alto a ser pago... eles sabem... por isso... se controlam, pensam, oram, se unem em espírito para suportar a dor, a distancia, a frustração... sua recompensa virá...um dia virá...

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